Serra das Águas

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Dnit diz que BR-354 será liberada “em breve”, mas não dá prazo

Publicado dia 18 de Janeiro de 2025 às 09:28 por Rafaela Carvalho
Modificado dia 18 de Janeiro de 2025 às 09:28
Órgão afirmou que rodovia foi vistoriada nesta semana, mas interdição continua; comerciantes enfrentam prejuízos e questionam demora da obra O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) afirmou, nesta sexta-feira (17), 21 dias após a interdição do km 768 da BR-354 em Itamonte, que “em breve, a interdição será apenas para caminhões e veículos pesados.” No entanto, o órgão não deu data para a liberação de tráfego, que segue totalmente impedido, conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF). A demora para a resolução do problema virou alvo de reclamações de empresários e produtores que dependem da estrada para escoar os produtos e receber turistas. Eles enfrentam prejuízos decorrentes da interdição. O trecho, localizado próximo à divisa com o estado do Rio de Janeiro, está interditado desde as 23h do dia 27 de dezembro de 2024. Na ocasião, quedas de barreiras e desmoronamentos atingiram a rodovia federal, fechando a passagem com terra, árvores e galhos. Desde então, funcionários do Dnit e a PRF atuam no local. No entanto, há reclamações sobre a demora para a retirada de terra e de barreira na estrada, que chegou a ser liberada para passagem de serviços emergenciais, mas continua interditada de forma oficial. Também há questionamentos sobre quais serviços ainda serão realizados no local. Nesta sexta-feira, o site Serra das Águas entrou em contato com o Dnit e questionou o órgão. O Dnit informou que a BR-354 foi vistoriada nesta semana e que os trabalhos são acompanhados por equipes especializadas. Ainda segundo o Dnit, “em breve”, os veículos de passeio serão liberados para passar em momentos específicos, e esse esquema seguirá até a conclusão da recuperação do trecho. Porém, o Dnit não respondeu às perguntas do site Serra das Águas sobre o prazo para a recuperação total do trecho e sobre quais trabalhos foram realizados e quais ainda são necessários, e afirmou apenas que “os trabalhos avançaram de acordo com a estabilidade do terreno” e que “a alta vegetação dos dois lados da rodovia impossibilitou a abertura de desvios laterais com segurança”. ##PRF destaca que interdição ocorre por risco de novos desabamentos## Também nesta sexta-feira, a 17ª Delegacia da PRF posicionou-se oficialmente ao site Serra das Águas sobre a interdição. Conforme a corporação, o risco de novos desabamentos, devido às chuvas constantes, é um dos principais motivos da interdição. Em nota oficial, a PRF afirma que “quem insiste em passar pelo local sem autorização corre um risco desnecessário e atrapalha o serviço da empresa contratada pelo Dnit.” Em um vídeo divulgado nas redes sociais, a PRF também afirma que o local continua completamente interditado e que as providências estão sendo tomadas. “Ratificamos que somente iremos liberar o trânsito quando o Dnit autorizar. O superintendente do Dnit-MG esteve no local essa semana e coordenou as medidas necessárias para liberação mais breve possível.” ##Prefeitura diz estar disponível para auxiliar ## Procurada pelo site Serra das Águas, a Prefeitura de Itamonte também se manifestou sobre a interdição da BR-354. “A Prefeitura Municipal de Itamonte, juntamente com as secretarias de turismo e obras, está mobilizada para resolver, o mais rápido possível, a situação que se encontra na BR-354. Como sabemos, o Dnit é o órgão responsável pela manutenção desta rodovia e não podemos nos sobrepor à sua função, portanto, por hora, nos cabe auxiliar no que for solicitado e pressionar para que a situação seja resolvida o quanto antes”, diz a nota oficial encaminhada ao site Serra das Águas. No início desta semana, o prefeito João Pedro Fonseca publicou texto em que informava ter se reunido com um representante do Dnit. Na ocasião, o chefe do Executivo destacou que uma nova avaliação seria feita nesta semana para retomar “a normalização completa da rodovia”. ##Comerciantes questionam demora e enfrentam prejuízos ## Na nota oficial assinada pelo prefeito, o chefe do Executivo aponta que a situação “tem causado grandes transtornos, afetando o direito de ir e vir, o escoamento agrícola e o comércio local” e que, por isso, trata o assunto junto ao Dnit com máxima prioridade. Os prejuízos causados pela interdição são alvo de reclamação dos comerciantes e empresários do Bairro Engenho de Serra. É o caso do Restaurante Bela Serra. Em um vídeo divulgado nas redes sociais nesta semana, Andréa Fonseca Diniz, responsável pelo restaurante, pede atenção das autoridades para o problema. “Venho junto aos outros comerciantes pedir atenção dos órgãos competentes para que limpem nossa estrada. A gente sabe que não é fácil (...), mas a gente depende do turismo e da rodovia aberta.” De acordo com Andréa, o prejuízo já chega a 80% no restaurante, e outros comércios estão sendo fortemente afetados pela interdição. “Aqui no bairro tem restaurante, empresa de água, temos pousadas, casas de aluguel… Eu mesma tenho e não consigo alugar, porque está tudo parado. Temos vizinhos que também têm restaurantes, e todos estão enfrentando a mesma dificuldade.” Rosemaire Fonseca, proprietária da Fábrica de Doces Alta Nata, localizada no mesmo bairro, fala sobre as dificuldades que tem enfrentado. “Estamos ficando semanas sem pegar leite, porque falam que é perigoso passar. Queríamos pedir para as pessoas limparem a barreira para liberar a estrada, pois está prejudicando nossas vendas, os clientes não podem chegar para buscar os produtos… A gente precisa pagar as contas, então fica difícil. Nossa cidade vive do turismo, e precisamos que venham liberar a pista. O pessoal que tem pousada está parado, e isso traz prejuízos para o turismo.” Em uma publicação nas redes sociais em que divulga vídeos dos comerciantes do Engenho de Serra, Ângela Diniz, funcionária da empresa de água que leva o nome do bairro, também fala sobre as consequências da interdição. “Estamos há quase um mês com a nossa estrada interditada. A maioria dos nossos funcionários vem de Itamonte. Eles se locomovem de moto e temos uma van para levar funcionários. É um risco grande [passar pelo trecho interditado], mas não temos outros meios de locomoção para sair do bairro. Tinha que ter um apoio, porque nos deixaram abandonados. Só tiraram um pouco da terra e das madeiras, e o trânsito ficou só uma pista, mas até hoje não tivemos mais nenhuma ajuda de ninguém. E não é só o nosso bairro, no Sobradinho e no Alto da Serra, que dependem do comércio da estrada, não estão conseguindo trabalhar. Precisamos urgentemente de um apoio, estamos isolados no nosso bairro.”
Rafaela Carvalho Rafaela Carvalho é jornalista e coordenadora de redes sociais do site Serra das Águas. Atua como editora de veículos de comunicação online
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