"Atuar na área ambiental é a realização de um sonho"
Publicado dia 10 de Junho de 2022 às 12:15 por Luís Cláudio de Carvalho Modificado dia 10 de Junho de 2022 às 12:15 Vinicius Rocha, morador de Santana do Capivari, em Pouso Alto, trabalha no Instituto SuperAção e participa de projetos que beneficiam produtores rurais que atuam na conservação e na restauração florestal
O jovem Marcos Vinicius Rocha, de 28 anos, nascido em Itanhandu e morador do Distrito de Santana do Capivari, de repente, deixou o trabalho na sonorização e na música - ele era DJ - e se tornou ambientalista. Após cursar Gestão Ambiental, Vinicius Rocha descobriu a paixão pela causa ambiental, e faz disso quase um sacerdócio. Atualmente, trabalha no Instituto SuperAção de Itanhandu, atuando nos municípios da região, e trabalha voluntariamente em projetos pró Santana do Capivari, em parceria com a associação de moradores do distrito e amigos.
Porém, não foi “de repente” que Vinicius começou a se interessar pela natureza. Ele conta que cresceu na zona rural e que sempre gostou de atividades relacionadas. “Me interessei por essa área desde pequeno. Cresci na zona rural, na beira do rio, e quando comecei a ver que tudo que vi na infância estava indo por água abaixo, fiquei assustado. Hoje em dia, com essa proposta de modernidade, em que as pessoas consomem muito e descartam muitas coisas, não só na parte de consumo material, a gente acaba vendo essa problemática. Atualmente, trabalho com restauração de ecossistemas, conservação, mas no instituto fazemos de tudo um pouco. Trabalhava com comunicação, com festas, e mudei meu foco completamente. São ressignificações que fazemos na nossa vida. É um sonho, e quero galgar bastante em relação a essa área”.
Apesar de ter se formado há apenas três anos, Vinicius já atua na área há dois deles, e está à frente de projetos importantes na região das Terras Altas da Mantiqueira. Em entrevista ao Serra das Águas nesta quinta-feira (9), em uma das lives diárias realizadas em comemoração ao Dia do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, Vinicius falou sobre seu trabalho no Instituto SuperAção, enfatizando os três principais projetos desenvolvidos: Conservador da Mantiqueira, Produtor de Águas de Itanhandu e ICMS Ecológico.
Ele explica que o Produtor de Águas é um projeto de conservação e restauração, por meio do qual o produtor rural recebe incentivo financeiro por realizar serviços ambientais hídricos, além de apoio técnico, insumos e mão de obra para a conservação e restauração. "O Produtor de Águas é um projeto da Prefeitura municipal de Itanhandu com o instituto e outros parceiros. O projeto funciona em editais, e nesta segunda fase, foi contemplada a bacia do Rio Verde. É um projeto que envia pagamentos por serviços ambientais aos produtores rurais. A lógica consiste em beneficiar as pessoas que conservam, porque as áreas de mata estão na zona rural, e se elas não são unidades de conservação pública, pertencem a um produtor ou a um proprietário. Então nada mais justo do que bonificar e gerar uma renda para eles através do benefício que ele está gerando, com a conservação de nascentes etc. (...) Investimos R$ 430 mil em oito propriedades rurais em uma bacia de captação de água. Esse inventivo foi obtido pela Agência Nacional de Águas e distribuído para fomentar barragens e cercamento dessas áreas”, explica.
No caso do Conservador da Mantiqueira, é feita a restauração e a conservação florestal, em parceria com o produtor rural, que receberá apoio técnico, mão de obra, insumos e pagamento por serviços ambientais. Atualmente, o projeto já é aplicado nas cidades de Itamonte, Passa Quatro, São Sebastião do Rio Verde, Pouso Alto, Itanhandu e Alagoa, e também haverá um trabalho inicial em Baependi. “Este é um arcabouço de vários projetos. Também tem incentivo financeiro para proprietários rurais, como no caso do Produtor de Águas, mas o foco é diferente. Pouso alto e Itamonte, hoje, são as cidades que têm o maior número de produtores que aderiram ao projeto, e queremos dobrar esse número até o final de agosto. Até agora já são 93 hectares de áreas que aderiram ao projeto, onde vamos começar a implementação agora no inverno, fazendo o isolamento das áreas produtivas. O projeto visa atingir um milhão e meio de hectares de Mata Atlântica restaurada até 2030. Na nossa microrregião, pretendemos entregar, até o fim desse ano, 300 hectares restaurados. Mas no total são 11 núcleos em toda a região da Mantiqueira, com várias iniciativas, e tem tido grande adesão dos proprietários e produtores rurais”, comemora Vinicius.
Já por meio da Lei de repasse de ICMS ecológico para novas criações de Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN), já aprovada em Itanhandu, o proprietário que quiser transformar os grandes blocos florestais presentes na propriedade em Unidade de Conservação irá receber 60% do ICMS ecológico repassado pelo estado ao município referente a unidade de conservação. Durante o evento Café, Canjica e Prosa, realizado nos dias 7 e 8 de junho, Vinicius, por meio do Instituto, apresentou a lei aos gestores das cidades vizinhas como forma de incentivar que o projeto seja adotado em outros municípios. De acordo com ele, os três projetos visam a restauração e conservação de ecossistemas, “que é sinônimo de futuro, de água, de solo fértil, e ar puro”.
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